quarta-feira, novembro 29

Papa Luciani fala da Fé!

Pessoal peço imensas desculpas se tenho fraquejado na minha rotina de blogger mas ter aulas, trabalhar, estudar, ter amigos, ser blogger e descansar é algo muito complicado de conciliar em apenas 24 horas! Mas aqui vai mais um daqueles fantásticos textos "testemunho"!

"Aqui em Roma houve um poeta, Trilussa, que também quis falar da Fé.
Numa das suas poesias disse: Aquela anciãzita cega que encontrei na noite, que me perdi no bosque, disse-me: 'Se não conheces o caminho, eu acompanho-te porque o conheço. Se tens o valor de me seguir, ir-te-ei falando de vez em quando até ao fundo, ali onde há um cipreste, até ao alto onde há uma cruz'. Eu respondi: 'Pode ser... mas acho estranho que me possa guiar quem não vê!'... Então a cega agarrou-me na mão e suspirando disse-me: 'Anda'... Era a Fé.

Isto é a Fé: render-se a Deus, mas transformando a própria vida. Coisa nem sempre fácil. Agostinho narrou a trajectória da sua fé; especialmente as últimas semanas foram horríveis; ao lê-lo quase se sente como a sua alma estremece e se retorce à força de lutas interiores.
Deste lado, Deus que o chama insiste; e daquele, os antigos costumes, velhos amigos - escreve ele mesmo - puxavam-me suavemente do vestido de carne e diziam-me: Agostinho, mas como? Abandonas-nos? Olha que já não poderás fazer aquilo e para sempre!

Que difícil. Encontrava-me na situação de alguém que está na cama de manhã e lhe dizem fora!levanta-te, Agostinho. Eu dizia: Sim, mais tarde, um pouco mais ainda. Por fim, o Senhor deu-me um bom empurrão e saí. Aí está, não há que dizer: sim, mas; sim, logo. É preciso dizer: Sim, já Senhor. Esta é a fé, responder com generosidade ao Senhor. Mas quem diz este sim? O que é humilde e se fia inteiramente de Deus.

A minha mãe costumava dizer-me quando comecei a ser mais velho: em pequeno estiveste muito doente, tive que levar-te a muitos médicos e passar a velar noites inteiras; Tu crês em mim? Como poderia responder-lhe: mamã não te creio? Claro que creio em ti, creio no que me dizes e sobretudo acredito em ti. Assim sucede com a fé. Não se trata só de crer as coisas que deus revelou, mas crê-Lo a Ele que merece a nossa fé, que nos amou tanto e fez tanto por nós.

O primeiro que fiz quando fui Papa, foi entrar na capela privada da Casa Pontifícia; nela ao fundo, o Papa Paulo I fez colocar dois mosaicos, um de S. Pedro e outro de S. Paulo; S. Pedro morrendo e S. Paulo morrendo também. Mas debaixo de S. Pedro figuram estas palavras de Jesus: 'Rezarei por ti para que não desfaleça a tua fé'. E debaixo de S. Paulo, que está a receber o golpe da espada: 'Cumpri a minha carreira, guardei a fé'. Já sabeis como no último discurso de 29 de Junho passado, Paulo VI disse: 'Depois de quinze anos de pontificado posso dar graças ao Senhor porque defendi a fé e a conservei.' "

(João Paulo I)